AI: hoje não respondo!

Vamos supor que ao abrir a ferramenta da moda, leia-se ChatGPT, após uma pergunta qualquer, sobre um qualquer banal assunto, obtínhamos uma vaga e inusitada frase de “Hoje não respondo!”.

Decerto que após um breve sobressalto cerebral o impulso seria procurar alguma justificação de serviço temporariamente em baixo devido à sobrecarga de utilizadores, ou mesmo, devido a uma requerida e essencial atualização da ferramenta.

Para os menos atentos, que passam ao lado do termo Artificial intelligence (Inteligência Artificial) e da acesa discussão que se tem gerado, nada melhor que definir o que é o ChatGPT, pelo próprio.

O ChatGPT é uma inteligência artificial de linguagem natural, desenvolvida pela empresa OpenAI, que foi treinada com um enorme conjunto de dados de texto para entender e gerar linguagem natural em diversos idiomas, incluindo português.

O modelo do ChatGPT é baseado na arquitetura GPT (Generative Pre-trained Transformer), que é uma rede neural de aprendizado profundo que usa algoritmos de processamento de linguagem natural para gerar texto com base em entradas de texto prévias. Isso significa que o ChatGPT é capaz de responder a perguntas e fornecer informações com base em sua capacidade de compreender a linguagem natural.

O ChatGPT pode ser usado em diversos contextos, como atendimento ao cliente, assistentes virtuais e análise de texto. Ele é capaz de conversar com as pessoas de forma natural e fornecer respostas precisas e úteis em tempo real. O objetivo do ChatGPT é melhorar a comunicação e a interação entre humanos e máquinas, permitindo que as pessoas obtenham informações de maneira mais rápida e eficiente.

ChatGPT
AI generator ChatGPT

Okay. Em resumo, o ChatGPT é um chatbot de AI treinado para responder as perguntas sobre diversos temas, sejam estes de atualidade, ciência, entretenimento, tecnologia e muitos outros mais. Mesmo muito mais.

Devo confessar que pedi informações sobre como podar um limoeiro, que teimosamente não cresce nem dá fruto para além de uma imensa folhagem. Segui as instruções e… continua igual. Talvez o fator tempo, chuva e algum sol faça o seu trabalho.

Recentemente os italianos ficaram incomodados (para não usar outro termo) pela sugestão do ananás como ingrediente essencial na pizza! A maioria dos italianos tradicionalistas considera a combinação de ananás e pizza como um insulto à culinária italiana. Sentem que a pizza é melhor apreciada com ingredientes tradicionais, como molho de tomate, mussarela fresca e manjericão. No entanto, há outros que acreditam que a adição de ananás na pizza é uma questão de gosto pessoal e pode ser apreciado por algumas pessoas.

As ondas de choque provocadas pela sugestão levaram que a Itália fosse o primeiro país ocidental a banir o ChatGPT. A Autoridade Italiana de Proteção de Dados bloqueou o acesso à aplicação, levantando preocupações sobre as suas implicações para a privacidade. O facto de potencialmente poder recolher grandes quantidades de dados sobre as atividades dos utilizadores dentro da aplicação, incluindo idades e tempos de utilização, suscitou receios entre os defensores da privacidade de que tais informações possam ser exploradas ou abusivamente utilizadas por criminosos.

Dada a controvérsia que atualmente envolve o ChatGPT, poderá haver mais restrições à sua utilização em toda a Europa até as autoridades se sentirem satisfeitas com os seus protocolos de segurança relativos à gestão de dados de utilizadores e características de segurança. E em defesa de nosso simpático chatbot, o multimilionário Elon Musk, cofundador da da OpenAI, responsável pela criação do ChatGPT, defende que o desenvolvimento de Inteligência Artificial deve ser suspenso por um período de seis meses para avaliar os seus perigos.

Mas vamos continuar a suposição inicial, ignorando todas as preocupações, sejam devido ao ananás na pizza ou a qualquer outra técnica de poda de árvores de fruto, vamos pensar que todo o avanço alcançado na AI consiga gerar algo ao preconizado por Alan Turing, em 1950, mas adaptado aos nossos tempos: Hoje não respondo!

Quando a ficção se torna realidade

Segundos os meteorologistas norte-americanos, o que se previa aconteceu: um nevão sem precedentes atingiu os Estados Unidos e o Canadá, obrigando cerca 250 milhões de pessoas a ficarem em casa durante o fim de semana de Natal. Este fenómeno, conhecido como ciclone bomba, fez algumas dezenas de mortos e foi causada por uma forte tempestade de inverno no Ártico.

Apesar de ser algo normal neste países, bem habituados às temperaturas geladas no Inverno, as pessoas foram surpreendidas pela intensidade dos nevões, pelos fortes ventos e descidas vertiginosas da temperatura em poucos minutos. Entre muitas, a imagem de um restaurante congelado tornou-se viral.

Se estas e outras imagens e vídeos, verdadeiramente impressionantes, sobre este fenómeno levam-nos para o mundo encantado de Frozen da Disney, também devemos pensar em “O Dia Depois de Amanhã“, filme estreado em 2004 e protagonizado por Dennis Quaid.

O enredo do filme de ação e ficção cientifica pós-apocalíptica segue em torno do climatologista Jack Hill que tem de viajar a pé desde Filadélfia a Nova York para tentar localizar o seu filho Sam, desaparecido devido a desastres naturais em todo o mundo causados pelo aquecimento global. O clima violento provoca destruição em massa, incluindo uma enorme tempestade de neve em Nova Deli, uma tempestade de granizo do tamanho de bolas de golfe em Tóquio, e uma série de tornados devastadores em Los Angeles.

Outra parte interessante, ou não, depende do ponto de vista de cada um, consiste em os sobreviventes no norte serem forçados a ficar dentro de casa devido ao frio, existindo ainda uma ordem decretada do presidente dos Estados Unidos para a evacuação dos estados do sul, fazendo com que quase todos os refugiados sigam para o México. Onde se deparam com… um muro! E a sua passagem vai obrigar à concessão de perdão da dívida mexicana, exigência intransigente do presidente mexicano. Creio que o muro faz lembrar outra intransigência do ex-presidente Donald Trump em o construir.

Em 2009, Alex Pastor e David Pastor realizaram “Vírus” (“Carriers” no seu título original), aparentemente inspirado pela histeria mediática em torno do H1N1. E em 2011 Steven Soderbergh digere um elenco de luxo (Matt Damon, Jude Law, Kate Winslet, Laurence Fishburne, Gwyneth Paltrow) sobre da propagação de um vírus e das tentativas de se identificar e conter a doença, da consequente perda de ordem social com o avanço da pandemia e a introdução de uma vacina para impedir sua propagação. 

Perante tudo isto, porque não pedir aos argumentistas da sétima arte um esforço em escrever roteiros que para além do final feliz tivessem algo sempre maravilhoso e bondoso?! Sim, a vida não é assim. O pior é quando a ficção se torna realidade.

PS: espero que um dias destes não ler noticias sobre um tornado de tubarões que aparecerem em uma qualquer cidade.

Argentina + Bangladesh = Futebol

O que tem em comum países como a Argentina e o Bangladesh? Aparentemente nada.

Argentina é um sobejamente conhecido país da América do Sul com uma área extensa que abrange montanhas dos Andes, lagos glaciais a sul e pradarias nos Pampas, ocupadas tradicionalmente por seu famoso gado. Um país conhecido sua música, o tango, e por ser a pátria de Maradona.

Bangladesh é um país localizado no sul da Ásia, a leste da Índia, no Golfo de Bengala. Terra do famoso tigres-de bengala, mais uma das espécies animais em risco de extinção, conta com mais de 160 milhões de habitantes, essencialmente rural e um dos países mais pobres do mundo.

No entanto, o Bangladesh é uma fervorosa nação apoiante da seleção alvi-celeste. Neste estranho mundial de futebol das arábias, Catar 2022, mais uma curiosidade que a inocência do chamado desporto-rei nos proporciona em contraste com a podridão instalada no futebol-indústria. E enquanto uma multidão vestida de celeste e branco tem vindo a tomar as ruas de Buenos Aires em coro uníssono pela Argentina em cada vitória, a 17 mil quilómetros dali, em Daca, a festa que rompe pela madrugada.

E como se explica este fenómeno?!

Tendo uma seleção de futebol que ocupa o modesto 192 lugar no ranking da FIFA, este país onde o Cricket é o desporto número um, é frequente este apoio alvi-celeste, mais exatamente desde a vitória da Argentina sobre Inglaterra com os históricos golos de Maradona, no México 1986.

Quinze anos antes daquele memorável jogo que teve a “mão de Deus”, a 22 de junho, o Bangladesh tornava-se independente da colonização britânica. Assim, a vitória sobre a Inglaterra foi, então, simbólica tanto para Bangladesh quanto para a Argentina, derrotada na guerra das ilhas Malvinas em 1982.

Estamos a horas da final do Catar 2022. Argentina versus França, Messi contra Mbappé. Uma nação que vive e respira futebol contra a nação que “negoceia” o futebol. Encanta-me ainda a magia de Messi. Torna-se inquestionável que quando o bebé Lionel nasceu uma fada-madrinha plantou magia naquele pé esquerdo. Detesto o espírito arruaceiro, de contante provocação e intimidação ao adversário que se tenta desculpar por terem sangue quente do futebol a correr nas veias. Algo que a superpoderosa e prepotente FIFA não condena e cujo slogan “Respect” apadrinha.

Por tudo isso, hoje sou quase que francês desde pequenino. Que me desculpem os bengalis.